29 de janeiro de 2010

O monge Joaquim da Fiori e a presença de Deus na História


Falar da presença de Deus na História é lembrar-se da Trindade, pois a revelação de Deus se dá na História através das três pessoas divinas, o Pai (Criador), o Filho (redentor) e Espírito Santo (santificador). Coube ao monge calabrês Joaquim da Fiori (século XII), enfatizar a importância das três pessoas da Trindade para compreender a História, a qual poderíamos chamar de uma ‘teologia trinitária da História’. A figura de Joaquim da Fiori é controversa seja pela sua personalidade bastante marcante seja pela sua obra, que de certo modo foi marginalizada pelos estudiosos.
Joaquim da Fiori nasceu na Calábria, Itália, no ano de 1135, tendo se dedicado à vida consagrada após ter feito uma viajem a Terra Santa, tornando-se depois abade em Corazzo.  Em 1192 fundou uma nova congregação em San Giovani di Fiori, a chamada ordem florense. Sempre esteve ligado a pessoas importantes de sua época como os Papas e Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra. Sua obra é abundante e de difícil leitura, compreende uma série de tratados de exegese que tinham por objeto uma nova interpretação das Escrituras no que diz respeito à História, porém ele não se considerava profeta, apesar de sua obra apontar para uma Era do Espírito Santo, que segundo ele fora fruto de momentos de iluminação com que Deus o contemplara. Suas principais obras são: Concórdia entre Novo e Velho Testamento, Exposição sobre o Apocalipse e Saltério de dez cordas, as quais inauguram uma nova leitura das Escrituras rompendo com a tradição que seguia os passos de Santo A­gostinho na sua Cidade de Deus referência indiscutível em relação à História para os medievais. A visão agostiniana da História persistiu durante séculos, abarcando todo o período medieval, porém, é justamente com Joaquim da Fiori que esta será superada tendo por base não as épocas da História do povo hebreu, mas a leitura a partir da Trindade,o que chamamos de ‘teologia trinitária da História’ que será mais tarde uma grande influência no pensamento de Hegel como veremos mais adiante.
Para Joaquim da Fiori, cada era tem uma característica própria e uma dinâmica que terão sua consumação na última das três eras. A era do Pai é aquela em os homens vivem sob o jugo da lei, sendo servos, no temor do Deus Jahweh ciumento e irado, sem liberdade e condenados. Esta é por sua vez suplantada pela era do Filho, na qual estamos sob a Graça na servidão filial na fé, somos feitos filhos pelo filho que é Cristo. A estas sobrevirá a era do Espírito, da Graça ampliada, da liberdade, que segundo o autor iniciaria no ano 1260, segundo o cálculo das gerações antecedentes a Cristo (42) multiplicadas pelo número trinta (30), bem como na interpretação da fuga da mulher (Igreja) para o deserto passando 1260 dias. A idéia de uma História trinitária compre­ende três eras distintas que envolvem eventos específicos da revelação divina, seriam estas: a era do Pai, a era do Filho e a era do Espírito Santo, à primeira corresponde o período desde Adão até a encarnação de Deus, a segunda compreende todo o período de vigência do cristianismo até que viesse o Espíri­to Santo
Após algum tempo Joaquim tornara-se persona non grata junto aos papas. Em 1215, a sua doutrina da Trindade foi devidamente condenada por ser uma crítica às idéias de Pedro Lombardo, considerado autoridade teológica de então, e ao qual Joaquim acusa de propor uma concepção teológica de Deus que desembocaria numa quaternidade ao invés da Trindade. Após o escândalo do “Evangelho Eterno”, publicado por Gerardo de Borgo San Domino, que proclamava que a autoridade da Igreja católica se aproximava do fim e, que logo (1260) surgiria a Igreja espiritual, o papa Alexandre IV condenou em 1263, as idéias centrais do abade. A influência de Joaquim de Fiori será exercida no pensamento dos chamados ‘espirituais franciscanos’, os quais juntamente com algumas heresias medievais, tais como beguinos, begardos, pseudo-apóstolos e valdenses, farão uma critica radical da Igreja Romana, devido sua rigidez hierárquica, sua ligação com o poder secular e seu luxo, os quais serão os estopins para um movimento cada vez maior de renovação espiritual, que de certo modo culmina na Reforma protestante do século XV. Os espirituais veriam no joaquimismo um resgate das idéias franciscanas de uma igreja espiritual e pobre.
A importância e influência de Joaquim da Fiori se fazem sentir até nos pensadores alemães, tais como Les­sing, que desenvolve a idéia de uma revelação progressiva e contínua que terminaria em uma terceira época, e também em muitos movimentos espirituais e reformistas como os begardos e as beguinas, os Fraticelli, além do Idealismo alemão, em Schelling, Hegel, Comte e Marx.
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3 comentários:

  1. Preparem o povo de Jesus Cristo para o dilúvio de fogo, Ezequiel 38 e 39. Pois o altar está preparado e holocausto em breve começará.LEIA O LIVRO DO ESPÍRITO SANTO VERDADEIRO.

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  2. Para aqueles que têm fome
    De Palavra Nova, Viva -
    Leiam Francisco da Silva,
    Nosso bento Jakob Böhme!

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