24 de janeiro de 2010

Sebastião, soldado e mártir da justiça



No dia 20 do mês de janeiro celebra-se na liturgia da igreja católica o dia de São Sebastião, padroeiro de diversas cidades no Brasil, inclusive da cidade do Rio de Janeiro, sendo invocado para proteger contra a peste, a fome e a guerra, sendo também padroeiro dos militares e bombeiros. O que a vida de um mártir como Sebastião tem a nos dizer hoje, cristãos do século XXI?
Sebastião (Sebastes, em grego, digno de louvor) nasceu em Narbona, França, viveu no século III de nossa era e foi um soldado romano da guarda pretoriana a serviço do imperador Diocleciano (por volta do ano 286). Tornou-se cristão e após ser denunciado foi flechado, tendo escapado da morte foi até o imperador para anunciar a verdade cristã sendo, por fim, trucidado.
A palavra martírio significa testemunho, testemunho de fé dado com a própria vida. O primeiro grande mártir do cristianismo foi o diácono Estevão, apedrejado aos pés de Saulo (Paulo), que depois se converteria de perseguidor em perseguido pela causa do evangelho. Como podemos constatar na leitura do livro do Apocalipse (escrito por volta do ano 95-100), os mártires que deram sua vida pelo evangelho chegaram aos milhares, mortos de formas diversas, mas sempre firmes na defesa daquilo que acreditavam.
Na época de Jesus e posteriormente era extremamente perigoso professar a fé e anunciar-se cristão, pois a perseguição que começou com os judeus continuou por parte do Império Romano, que punia tal ‘crime’ com requintes de crueldade, como por exemplo, apedrejamento, crucifixão, decapitação, além de muitos serem queimados na fogueira e até jogados na arena dos gladiadores para serem mortos pelas feras. Sebastião, soldado do Império romano, troca a espada da violência pela cruz da justiça. Subvertendo a lógica dos dominadores romanos que reduziam os povos ao seu jugo prometendo uma paz (pax romana) que era produzida a custa da injustiça, da violência e do medo. O soldado de Diocleciano torna-se agora soldado de Cristo. Sebastião torna-se para nós exemplo de soldado que coloca em primeiro lugar a justiça e a paz, que tem como função proteger e servir, respeitando a dignidade da pessoa humana, usando as armas da fé e do amor, em defesa dos mais fracos e excluídos. Ser cristão hoje é de certo cômodo e até fácil, se apenas professamos, mas não damos a vida por esta mesma fé.
Falar de martírio nos dias de hoje não é tão difícil, principalmente quando vivemos num mundo de violência, onde muitas pessoas são mortas por defender a justiça e a paz. Basta lembrar Martim Luther King, Ghandi, Dietrich Boenhoffer, Irmã Dorothy e tantos outros. Sebastião é, para nós, e para os soldados, policiais e bombeiros, de quem é padroeiro, e que muitas vezes são acusados de injustiças e violências, um exemplo que enfatiza que não é pela violência que podemos defender a justiça e a verdade, mas pelo reconhecimento da dignidade da pessoa humana, criada a imagem e semelhança de Deus.

2 comentários:

  1. ANTIGAMENTE DIZIA-SE SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO.

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  2. São sebastião foi feito
    Alvo das flechas de Roma
    Suportando ao fim da soma
    Mais de dez setas no peito;
    O Imperador contrafeito
    Arma nova punição:
    Quebra-lhe os ossos e então
    Finalmente atinge o escopo.
    SÃO SEBASTIÃO:
    - Cada chaga em vosso corpo
    É outra em meu coração.

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