30 de julho de 2010

O Anjo calou...


  
Certa noite, estava eu apreensivo e durante um sono cataléptico tive um sonho que não me sai da cabeça. Seguia por uma estrada sem rumo em meio a uma floresta negra e densa, um frio de gelar a alma, ouvindo uivos ao longe e sentindo o manto negro da noite cobrir-me completamente. Eis que surgiu um ser negro como uma noite sem estrelas, suas asas brilhavam como se tivessem sido untadas com óleo, era como um Anjo das trevas. Esse Anjo me olhava com um olhar vazio, sem fundo, como um buraco negro que suga toda luz e gravidade, mas que me prendia de forma a não desviar a vista, uma atração que fugia ao controle, um misto de medo e desejo. Sentindo-me fragilizado por tal visão, de repente o tal Anjo se põe a cantar, nunca imaginaria que tivesse um canto tão belo, como o canto das sereias, cada vez mais me convidando a aproximação, muito embora o medo me fizesse recuar, sentia que a melodia que ele cantava soava como sedução aos ouvidos, porém me apavorava a possibilidade de entregar-me a perdição por trás daquele canto...então de repente, como que sem explicação, para a angustia dos meus ouvidos, o Anjo Calou...

28 de julho de 2010

Bruce Lee, o grande mestre das artes marciais.



Há 36 anos atrás (em Novembro de 1973) morria Bruce Lee, o maior artista marcial de todos os tempos. A fama de Bruce Lee se deve não apenas a seus filmes de artes marciais, mas também a sua habilidade como lutador de Kung Fu e a sua criatividade ao desenvolver um novo sistema marcial diferente de todos os estilos tradicionais de luta.
Bruce Lee, cujo nome chinês era Lee Jun Fan era filho de pai chinês e mãe alemã, nasceu em 1940 e sua morte em 1973 permanece até hoje um mistério indecifrável. O pequeno Dragão (Li Siu Long), como era chamado, sempre esteve relacionado às artes cênicas, uma vez que seu pai era artista da renomada ópera chinesa, e o próprio Bruce desde cedo participou de inúmeros filmes dramáticos. Sua relação com as artes marciais se deu quando era ainda adolescente, então passou a freqüentar escolas de kung fu e a se envolver em brigas de rua, mas só encontrou o que queria quando começou a praticar kung fu Ving Tchun com o mestre Yip Man. Foi através deste sistema marcial (considerado o mais simples, direto e eficiente dos estilos de kung fu), que Bruce Lee deu início a sua pretensão de se tornar protagonista de filmes de arte marcial.
Foi então que ele resolveu viajar para os Estados Unidos, onde começou a trabalhar em um restaurante chinês e a dar aulas de kung fu para alguns amigos, entre eles James Lee. Bruce estudou Filosofia na universidade de São Francisco, tendo defendido monografia sobre o pensamento dialético do filósofo alemão Hegel (1770-1831). Nesta época começou a fazer testes para a carreira de ator marcial e infelizmente não conseguiu o tão desejado papel de protagonista no seriado Kung Fu, o qual acabou sendo feito com David Carradine. Pouco tempo depois Bruce chegou a fazer relativo sucesso com a serie O Besouro Verde, no papel do ajudante Kato. Foi então que ele resolveu ir para Hong Kong e tentar uma carreira local, nesta empreitada ele conseguiu um papel como ator principal no filme O Dragão Chinês (The Big Boss), que o tornou conhecido e elevou-o a categoria de estrela de filmes de kung fu. Daí em diante vieram outros sucessos, como A Fúria do Dragão (The Chinese Connection), o Vôo do Dragão (The Way of the Dragon), com a participação de Chuck Norris, tendo Bruce Lee como diretor, mas seu verdadeiro sucesso veio com o filme clássico das artes marciais de todos os tempos, Operação Dragão (Enter the Dragon), com o tão sonhado patrocínio de Hollywood, além de um elenco de estrelas do cinema. Após este sucesso mundial de bilheteria, Bruce começou a dar andamento a outros projetos, entre eles a Flauta Mágica, o qual acabou se tornando o Jogo da Morte, devido à morte repentina do ator sem ter finalizado sua obra.
Sua morte trágica, em 1973, ainda hoje é um enigma, ainda mais porque alguns anos depois houve a morte também prematura de seu filho Brandon Lee, nas gravações do filme O Corvo. Entre as especulações sobre a morte de Bruce está aquela que relaciona sua morte com a máfia chinesa, pois segundo alguns ele estaria ensinando o kung fu para estrangeiros, o que muitos chineses na época consideravam verdadeiro sacrilégio, já que a China foi explorada durante muito tempo pelos ingleses e outros povos europeus, o que gerou insatisfação e xenofobia em relação aos estrangeiros (um dos fatos conhecidos do século XIX foi a guerra do ópio e a revolta dos boxers). Também se fala que durante as filmagens do filme Flauta Mágica, Bruce Lee tomou um comprimido de Equagesic, o qual causou um edema cerebral levando-o a morte, já que ele era alérgico a sua fórmula.   
Especulações a parte devemos lembrar que Bruce Lee inovou não apenas na linguagem e ação dos filmes de artes marciais, mas também foi o criador do Jeet Kune Do, um sistema marcial completo que sintetiza a contribuição das diversas artes marciais num todo dialético. Bruce escreveu dois livros essenciais a todo artista marcial, o primeiro Kung Fu Chinês (The chinese Gung Fu) e Tao do Jeet Kune Do (The Tao of Jeet Kune Do). Vale ressaltar que nenhum destes artistas de kung fu do cinema atual, tais como Jackie Chan e Jet Li, são comparáveis a Bruce Lee, muito embora sejam bons atores e até lutadores, mas não têm a consistência ideológica e filosófica do mestre.
Ele foi o Artista Marcial por excelência, porque usou suas habilidades e soube recriar o kung fu que estava até então estagnado em sua tradição milenar e transplantou-o para o cinema levando consigo toda sua carga filosófica que estava obscurecida pelas cenas de violência. Sua herança filosófica, marcial e cinematográfica permanece até hoje. Por essas razões, o pequeno Dragão será lembrado para todo sempre como o maior artista marcial de todos os tempos.   

19 de julho de 2010

O Povo Online - Sete deputados federais cearenses respondem a processos no STF

O Povo Online - Sete deputados federais cearenses respondem a processos no STF

A Igreja e a Pedofilia

A pedofilia tem sido um dos problemas que mais tem ocupado o espaço da grande mídia nos últimos tempos, um dos agravantes é que a Igreja Católica, uma das instituições com maior credibilidade e das que mais defende os direitos humanos tenha sido o alvo de grande parte das denuncias, envolvendo padres que tem usado de suas prerrogativas religiosas para o exercício desta forma de violência sexual. Qual a posição da Igreja diante da pedofilia? Como devem ser punidos os padres pedófilos?
Sobre a questão da violência sexual, nos diz o Catecismo: “A violação designa a entrada na intimidade sexual duma pessoa à força, com violência. É um atentado contra a justiça e a caridade. A violação ofende profundamente o direito de cada um ao respeito, à liberdade e à integridade física e moral. Causa um prejuízo grave, que pode marcar a vítima para toda a vida. É sempre um acto intrinsecamente mau. É mais grave ainda, se cometido por parentes próximos (incesto) ou por educadores contra crianças a eles confiadas” (Catecismo da Igreja Católica, parág.2356.)
Durante muitos séculos a Igreja teve que conviver com os dilemas de uma instituição que é a salvaguarda dos valores da família e da moralidade, e que ao mesmo tempo sofreu na pele a conseqüência das grandes mazelas da condição humana, corrupção, imoralidade, violência, desrespeito a dignidade humana. Não é de hoje que surgem casos de padres homossexuais e pedófilos, que servem como objeto de critica à Igreja, enquanto instituição. A homossexualidade tem sido o mote de criticas da parte de algumas igrejas protestantes que defendem o fim do celibato religioso, que segundo elas seria uma forma de conduta anti-natural e não fundamentada nas escrituras, ainda segundo estes grupos o celibato seria uma das razões para a existência da pedofilia na igreja, uma vez que os padres que não casam se tornariam propensos a este problema de identidade sexual. O fato é que a Igreja reconhece o grave problema que a pedofilia tem trazido à família, a célula mãe da sociedade e o primeiro espaço de evangelização, lugar sagrado, mas infelizmente a centralidade do poder papal, a defesa de interesses pessoais e as intrigas da cúria vaticana se tornaram uma muralha que impede qualquer debate sério destas questões, um verdadeiro muro da vergonha. Como a Igreja Católica, a grande defensora dos direitos humanos é capaz de permitir que no interior de suas fileiras aconteçam os maiores desagravos aos direitos da pessoa humana? O que aconteceu com os apelos morais e éticos que a Igreja tanto apregoa? Estas questões demonstram a fragilidade da Igreja, mas ao mesmo tempo sua arrogância e pretensão descabida de levantar a bandeira da defesa dos direitos humanos, quando não resolveu seus problemas internos, sua tarefa de casa, no que toca a estes mesmos direitos.
A Igreja deve, pois resolver em primeiro lugar seus pecados internos e sociais. A Igreja, enquanto instituição divina é infalível, mas ao mesmo tempo é composta por seres humanos, tem fragilidades e é passível de pecados. No que diz respeito ao pecado o próprio Catecismo é muito claro ao afirmar: “O pecado é um ato pessoal. Mas, além disso, nós temos responsabilidades nos pecados cometidos por outros, quando neles cooperamos: tomando parte neles, direta e voluntariamente; ordenando-os. Aconselhando-os, aplaudindo-os ou aprovando-os; não os denunciando ou não os impedindo, quando a isso obrigados; protegendo os que praticam  mal” (CIC, 1868). Numa posição extremamente complicada a Igreja fica diante de um dilema: agir de forma rigorosa e receber críticas como medieval, conservadora, totalitária e autoritária, ou tenta encobrir os escândalos e torna-se alvo de críticas mais ferozes ainda, como cúmplice e conivente.
O Papa Bento XVI já afirmou e reafirmou varias vezes a culpa e a responsabilidade da Igreja diante dos casos de abuso sexual, mas também já ratificou a posição clara da moral cristã, a de não só prevenir e punir tais abusos, mas curar e reconciliar, ou seja, o perdão sempre será um principio cristão irrecusável que a Igreja deve levar como bandeira a todos os povos, mesmo que bradem as vozes de vingança que se transvestem de justiça. Lembremos ainda que a pedofilia é um transtorno de personalidade e muitos pedófilos foram vitimas de abusos na infância, devem ser tratados não apenas punidos. Que estes pecados sociais cometidos pela Igreja, que tantos males causam aos seus membros, possam ser punidos para que a Igreja recupere sua credibilidade moral diante da sociedade, mas que ao mesmo tempo vitimas e algozes dessas violências encontrem em Jesus sua cura e conforto e na Igreja reconciliação e solidariedade.