3 de novembro de 2009

A Pajuçara de Rodolfo Teófilo

Esta primeira parte do texto “A Pajuçara na época de Rodolfo Teófilo” que ora apresentamos é uma parcela da pesquisa que empreendemos sobre a história de Pajuçara, desde o estabelecimento do escritor Rodolfo Teófilo em Pajuçara (1883) até hoje.
Segundo nossa pesquisa sobre a vida de Rodolfo Teófilo, apoiada nos textos dos biógrafos Waldy Sombra e Lira Neto, as terras de Pajuçara pertenciam a Luís das Seixas Correia (um português que veio do Maranhão para o Ceará) e foram compradas por Rodolfo Teófilo em 1883, que carinhosamente chamava sua fazenda de ‘Alto da Bonança’ onde ele escrevia seus livros, recebia os amigos da Padaria Espiritual, como Antonio Sales, elaborava a cajuína, vacinava a população e descansava tranqüilo.
Em seu livro de memórias ‘O Caixeiro’, ele diz: “Saímos de Pajuçara, deste belo lugar, que mal sabia eu seria meu retiro na velhice.” Ao comprar estas terras contava então 30 anos, aqui se estabelecendo e muito contribuindo para a história deste lugar, comprou-as em 1883, um ano antes da abolição da escravatura no Ceará. No ano seguinte, em 1884, Rodolfo participa da campanha abolicionista em Pacatuba, trabalhou e escreveu para livrar o povo negro do cativeiro, como atesta o historiador Raimundo Girão: “Rodolfo Teófilo o ‘romancista das secas’, que mais tarde (1913) enfeixaria os seus versos de tanta espontaneidade e simplicidade bucólica de ‘Lira Rústica’ e ‘Telésias’ (...). Fê-los a Pacatuba, Icó, Baturité, Messejana, Maranguape” (Girão, R. A Abolição no Ceará, p.251-252).
Em 1895, Rodolfo Teófilo publicou um pequeno jornal em Pajuçara, “O Domingo”, onde se encontram alguns fatos interessantes sobre este lugar, como por exemplo, a edição de 24 de maio de 1895: “Terminamos chamando a atenção dos leitores para o magnífico artigo de Lasdilau Conceição sobre a primeira comunhão das meninas do Alto da Bonança, capitaneada pela insigne soldada da religião, a Exma Sra Dona Raimundinha Cabral Teófilo e o incansável soldado de Cristo, Padre Otoni.” (Segundo Waldy Sombra, na biografia Rodolpho Theofilo, o varão benemérito da pátria)
No período de 1877 ao início do século XX, o Ceará além de sofrer com as secas, também sofre com a epidemia das pestes Cólera-Morbo e Varíola. Rodolfo lutou incansavelmente denunciando a indiferença do governo e vacinando pessoas em todos os recantos do Ceará, inclusive na Pajuçara. Em Pajuçara, sua atuação foi eficaz evitando que várias pessoas morressem destas pestes que grassavam em todos os municípios do Ceará. Em 1901 nos meses de maio e junho ele vacinou 227 pessoas aqui em Pajuçara, segundo ele: “Na fazenda (Pajuçara) continuei o serviço da vacinação, não só porque tinha de prover da vacina os meus substitutos na capital, como porque havia naquelas cercanias grande número de indivíduos não vacinados. Visitei todos os domicílios daquelas paragens circunvizinhas, e quando em meados de julho regressei à capital, trazia, para aumentar o número de pessoas vacinadas, o nome de 227 indivíduos” (Teófilo, R. Varíola e vacinação no Ceará, p.104).
Em 1902, nos meses de maio e junho foram vacinadas 46 pessoas, no ano de 1903 começa nova vacinação em Pajuçara, em janeiro 43 pessoas, maio e junho 72 pessoas, em 1904 não ocorreu nenhum caso de varíola em Fortaleza. Nesse mesmo ano vacinou 37 pessoas em junho, perfazendo de 1901 a 1904 o total de 425 pessoas vacinadas em Pajuçara; como podemos constatar não foi pequena a contribuição de Rodolfo.

Um comentário:

  1. Muito bom o texto! Ajudou-me numa disciplina que estou cursando na faculdade de literatura brasileira II. parabéns!

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