3 de novembro de 2009

São Francisco, a alegria e felicidade cristãs




São Francisco de Assis (sec.XII) foi escolhido pela revista Times, o homem do milênio (1000-2000), o que de certo modo não foi uma surpresa para os meios religiosos. Entre os títulos relacionados a sua santidade estão o de padroeiro da ecologia e dos animais e o Homem da Paz.
Ele é oriundo e Assis, na Itália, mas é venerado em todo Brasil, especialmente no Nordeste em Canindé (CE), onde alcançou uma glória que só pode ser comparada a do Pe Cícero em Juazeiro do Norte.  Vejamos um pouco de sua vida para ter idéia de quanto ele representa para a humanidade. Podemos dividir a vida de São Francisco em três momentos: a) antes da conversão (o apego), b) a conversão (o desapego, a pobreza e o caminho para a felicidade) e, por fim, c) a união com Cristo pelos estigmas (a verdadeira felicidade em Cristo).
Francisco desde cedo foi um aventureiro, um rapaz voltado para os bens deste mundo (Lc 18,18-23; Mt 6,19-21), ávido pela fama, glória, honra, mulheres, e em alguns momentos podemos comparar sua vida com a de Santo Agostinho (séc.V), o qual viveu os encantos do mundo (veja-se suas Confissões). Bernardone, seu pai, homem rico, não poupou nada para ver seu filho usufruir de tudo que sua idade promete. O apego às coisas deste mundo e seus prazeres talvez seja um dos grandes entraves para alcançar a verdadeira felicidade, ele nos amarra e faz crer que a realização do ser humano se dá na pura imanência, como se o homem estivesse satisfeito em sua finitude. Logo essa insatisfação tomou conta de Francisco, rapaz inquieto, o que o levou a séria crise de consciência.
A crise pela qual passou Francisco não é estranha a de muitos adolescentes, cansados de buscar em vão por algo que os satisfaça (como diz a musica ‘eu não consigo satisfação’ dos Rolling Stones). Será no desapego, no despojamento de si que Francisco vai encontrar o primeiro passo para alcançar a verdadeira Felicidade. A senhora Pobreza será sua condutora neste caminho. É ilustrativo o que nos diz São Paulo em sua Carta aos Filipenses sobre a kenosis de Cristo: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus. Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2, 5-7). Foi esse desapego, esse despojamento que conduziu Francisco a descoberta da Felicidade em Cristo, sua humilhação é condição de sua exaltação. A exaltação da Igreja Medieval conduziu-a a sua ruína, pois quanto mais ela conquistava o mundo, menos era respeitada como esposa de Cristo, o luxo, a riqueza, o orgulho, tomaram o lugar da humildade e simplicidade, por essa razão Francisco recebe o chamado de Cristo para ser o reconstrutor de sua Igreja, não apenas daquela igrejinha de São Damiano, mas da Igreja como um todo, orientando-a para a liberdade na simplicidade e a pobreza originária como dom de Cristo.
A descoberta da Felicidade em Cristo foi o maior dom recebido por Francisco, cujos estigmas refletem a profunda intimidade com Jesus e sua paixão. A alegria cristã está na virtude da pobreza, no despojamento, na kenosis, no rebaixamento à condição de servo. Como diz o Senhor “aquele que quiser ser o maior no reino dos céus faça-se o menor de todos”. As Bem-aventuranças são o modelo da verdadeira felicidade (Lc 6,20-23; Mt 5,1-12), nelas encontramos os ideais de paz, mansidão, justiça, bondade, amor, pobreza, os quais Francisco viveu intensamente e neles encontrou todos os elementos necessários a uma vida alegre e feliz, como podemos ler em sua bela oração: “onde houver tristeza que eu leve alegria”.

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