10 de outubro de 2009

O diálogo na era do Messenger
Desde tempos imemoriais que o ser humano procura formas diversas de comunicação, iniciando provavelmente pelos gestos, por sons ininteligíveis, sinais, palavras, pelo diálogo, cartas, e-mails e, atualmente, surge o Messenger como uma nova ferramenta da comunicação humana.
É óbvio que o Messenger é uma forma de diálogo, porém com suas peculiaridades e determinado pelas condições e características da sociedade da informação. Como sabemos, o diálogo é a relação comunicativa de duas ou mais pessoas, a palavra diálogo vem do grego ‘diá’, através de, e ‘lógos,’ palavra, isto é o diálogo é interação pela palavra, é distinto do monólogo, a não escuta do outro, por isso o diálogo compõe-se do escutar e do falar, é inter-relação, abertura ao outro. Não é possível diálogo sem essa interação com o diferente. Em relação ao Messenger e partindo do pressuposto que há várias formas de dialogar, nos perguntamos: que tipo de diálogo é ele? Seria o Messenger uma forma de diálogo plenamente transparente? As pessoas envolvidas nessa forma de diálogo percebem as conseqüências do uso da tecnologia nas relações humanas? Compreendem que a distancia promovida pela internet afeta a maneira de se relacionarem? Apesar de estas questões parecerem um tanto estranhas para quem usa tal instrumento, devemos dizer que o uso do Messenger está inserido numa forma de sociabilidade e convivência própria de nossa era, ou seja, vivemos numa sociedade da rapidez da informação, da busca do lucro e do prazer desenfreado, onde as relações tendem a ser superficiais, onde os interesses se movem mais pela satisfação egoísta do que pelo bem comum.
Resumindo, vivemos numa sociedade espetacularizada, individualizada, hedonista e superficial, onde as pessoas estabelecem relações de amizade do tipo acumulativa (exemplo disso são as amizades ‘adicionadas’ pelo Orkut). A maneira de dialogar não escapa a estas condições impostas pela sociedade pós-moderna e nos levam a crer que na ausência do contato face a face, no distanciamento provocado pelo uso da internet, como uma forma de máscara, onde as pessoas dizem aquilo que não diriam num diálogo face a face, olhando nos olhos do interlocutor, por isso este recurso pode levar as pessoas a fingirem algo que não são. É uma espécie de lugar mágico, onde se pode dizer na intimidade da internet todos os segredos que não podem ser revelados a luz do dia. O Messenger permite dar asas a imaginação, mas também pode se tornar um refúgio onde as pessoas podem revelar suas piores perversões sociais. Prova disso é o espaço que ele ocupa nos encontros virtuais de pedófilos com crianças, de psicopatas com suas vitimas, de indivíduos mal intencionados com suas presas inocentes.
Pena que o uso de tais recursos geralmente suplanta o encontro das pessoas no face a face, na transparência do diálogo, onde nada pode ser completamente fingido, pois podemos perceber no olhar do outro suas expressões. É claro que o Messenger não opera apenas como instrumento do mal, ele tem sua importância, a qual poderia ser promovida através da sinceridade, do diálogo franco, sem mascaras e subterfúgios, onde somos nós mesmos.

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