14 de outubro de 2009

A história do filósofo Diógenes, o Cínico.


Autores: Francisco Bento e Rouxinol do Rinaré

Deus quando criou o homem
Facultou-lhe liberdade
Pra pensar e investigar
Deixou bem à vontade
Do amor a sabedoria
Nasceu a Filosofia
Como busca da verdade

Do grego, Filos, amigo.
Sabedoria é Sofia
A mãe de toda ciência
Da mente que tudo cria
Deus Pai, Primeiro Motor.
Poeta superior
Da divina poesia

Para alguém ser um filósofo
É preciso ter vontade
Ser um bom perguntador
E amante da verdade
Ser um homem curioso
Não viver só para o gozo
Porém ter sagacidade

Vou-lhe contar uma historia
De um filosofo engraçado
Por uns ele era mal visto
Por outros, admirado;
Conhecido como o Cão
Viveu sem esnobação
Em um barril enfiado

Quatro séculos a.C.
Toda a Grécia percorreu
Da escola do cinismo
Que no idioma Egeu
Significa o cão
Pois viveu na contra mão
E a muita gente mordeu

Falar de filosofia
Era sua profissão
E não dispensava crítica
Mostrando a contradição
Se o erro era gritante
Seu argumento triunfante
Finalizava a questão

Lá na Praça de Atenas
Ele era sempre encontrado
Com um cajado na mão
E um alforje do lado
Vivendo a duras penas
Mas o povo de Atenas
Lhe deixava indignado

Diógenes gostava muito
De aos outros criticar
Enxergava o erro alheio
E logo ia revelar
Com uma lanterna, de dia
A terra ele percorria
Para um ‘homem’ encontrar

Com sarcasmo e ironia
Expunha seu pensamento
Dizendo (constantemente):
“Na vida, a todo momento
Precisamos da razão
Ou de uma corda a mão
Para o próprio enforcamento”

Alguém querendo testá-lo
Em sua Filosofia
Pergunta-lhe: Quando devo
Almoçar durante o dia?
- Se rico, quando quiseres
Se pobre, quando puderes
Disse com sabedoria

Certa feita nosso herói
Toma seu banho solar
Chega Alexandre e pergunta:
- O que eu posso te dar?
- O que não é teu somente
Saindo da minha frente
Deixe o sol me iluminar!

Conta-se, pois, que Diógenes
Numa certa ocasião
Pede esmola a uma estátua
E alguém lhe pergunta a razão
Ele, sem titubear:
“É para me habituar
Com isso, a pedir em vão”

Sócrates foi seu modelo
(similar postura assume)
Na virtude, na palavra.
Filósofo de renome
Sendo ele bem mais louco
Pois viveu grande sufoco
Chegando até passar fome

Fora preso como escravo
E a um senhor vendido
Quando lhe foi perguntado
Para que era instruído
Disse ele: “Sei comandar”!
Continuando a falar
Esse filósofo atrevido

Um dia quando Platão
Suas aulas proferia
Falando então que o homem
Bípede implume seria
Diógenes, pra chateá-lo
Despena e joga-lhe um galo
Na cara, com ironia!...

Quis, pois, mostrar que o Filósofo.
Não tinha tanta razão
Despenando o galo todo
(Causou estupefação)
Soltou no meio do povo
Dizendo, num gesto novo:
“Eis o homem de Platão”!

Alguém pergunta a Platão
De uma forma inteligente:
“Que homem Diógenes é?”
Respondeu Platão somente
(Com ar de sabedoria
Fuzilou sua ironia):
“É um Sócrates demente”!

Diógenes em plena praça
Num constante vai-e-vem
Se masturbando tranqüilo
Falou encarando alguém:
“Quem dera funcionasse
Se ao meu estomago esfregasse
Passasse a fome também”!

Viu Diógenes certo dia,
Um jovem de tenra idade
Co’a mão em forma de concha
Bebendo água a vontade
Jogou fora o copo seu
Disse: “Um menino me deu
Lição de simplicidade”.

Muitos tratavam Diógenes
Como um ente vagabundo
No entanto o Cínico foi
Homem de saber profundo
Alguém perguntando um dia
A que pátria pertencia
Diz: “Sou cidadão do mundo”!

O que há mais miserável
Perguntam-lhe com pilhéria
Ao que responde Diógenes
Com a voz pausada e séria:
“Mais miserável na vida
É um velho na miséria”

Sem recursos, sem apego,
O cínico era acostumado
Viver sem luxo na vida
Porém, despreocupado,
Vivia a Filosofia
Da forma que bem queria
Da riqueza despojado

Rolava sobre a areia
Quente, durante o verão
E abraçava-se à neve
Na mais gelada estação
Dizia se preparar
Para poder enfrentar
A dura vida de cão

Talvez por fidelidade
A Filosofia, então,
Foi esse mais um motivo
Porque lhe chamavam Cão
Viveu como lhe convinha
Entre outras virtudes tinha
Poder de persuasão

Vivia ele sem lar
Exilado de sua terra
Não tinha aonde ir
Feito cão doido que erra
Parecia um vagabundo
Só, vagando pelo mundo
O seu destino encerra

Na Grécia, onde viveu
(que já parece esquecida)
Hoje virou um museu
Pois não tem a mesma vida
Por estranhos saqueada
Pelos “States” roubada
Ficou hoje emprobecida!


Prendendo a respiração
O grande cínico morreu
Uns dizem que foi um polvo
Cru, que Diógenes comeu,
A mais irônica versão
Nos conta que foi um cão
Que ao Filósofo mordeu.

Morreu Diógenes com cerca
De noventa anos de idade
Foi para junto de Zeus
Viver na eternidade
Por coincidência, ou não,
Seu nome tem relação
Com essa divindade...

‘Diógenes’ pois se traduz
Assim: “Nascido de Zeus”
O Cão volta a sua origem
Segundo os estudos meus
Viveu sem nenhum apego
Mais foi para o povo grego
Célebre pelos ditos seus!



Pajuçara - Março de 2004.

5 comentários:

  1. Francisco parabéns muito bom o texto, e sem falar que pode servir como material didático nas aulas de filosofia no ensino médio e quem sabe ate os mais jovens. Valeu.

    ResponderExcluir
  2. Legal mesmo esse texto, bom seria uma série contando sobre outros filósofos, também em versos...

    ResponderExcluir
  3. BRAVO!!!
    SOU FÃ DO DIO MAS SOU AGORA FÃ DO CEARENSE FranZé*

    ResponderExcluir
  4. Olha não resisti e DESTAQUEI - O em minmha página do WORDPRESS.COM
    Ok?
    Abraços...

    ResponderExcluir