28 de abril de 2010

Justiça ou Vingança?


Tornou-se regra comum em programas policiais a apresentação de populares pedindo ‘justiça’. O que se entende por justiça? O que é justiça para a populaça sedenta de sangue, e na maioria levada pela emoção? Qual conceito de justiça é proclamado pelos programas policiais? Seria aquele do direito vigente em nosso país ou uma justiça voltada para interesses mesquinhos?
O grande problema está na espetacularização da criminalidade que cria um clima de tensão, medo e insegurança constantes, sendo uma forma de envolver a população num transe direcionado para interesses de grupos políticos sedentos de poder. Devemos convir que o coro daqueles que pedem justiça na verdade acaba sendo desviado para a idéia de vingança, uma vez que não se reconhecem os diretos daqueles que estão sob a tutela da policia e da justiça, os presos. Suas imagens são utilizadas para reforçar a apelação sensacionalista dos apresentadores que bradam contra as ‘autoridades’, como sempre citadas impessoalmente, de forma a mascarar suas reais pretensões de audiência. Um dos maiores absurdos destes programas ditos ‘policiais’, mas que na verdade tornaram-se programas de entretenimento, é o horário em que são veiculados, na hora do almoço, onde se apresentam verdadeiros banquetes de sangue para toda a família que assiste curiosa aos crimes cometidos em seus bairros. Nem as crianças são poupadas deste espetáculo sangrento. Tais programas deveriam, pelo mínimo de bom senso, serem apresentados depois das 22 horas, pois a banalização da criminalidade e a espetacularização da miséria se tornaram os carros-chefes destes programas.
A maioria destes programas ferem a própria constituição federal, ao julgarem sumariamente e condenarem os acusados, pois usam suas imagens que são veiculadas numa espécie de vingança coletiva, aviltando os mesmos. Isso é evidente quando se usam os epítetos mais absurdos, como por exemplo, se tornou praxe entre os acusados de pedofilia, o de ‘monstros’ e ‘desqualificados’, entre outros.  Podemos acrescentar o brado revoltado destes justiceiros da mídia contra o que chamam de direitos humanos, como se os presos ou acusados perdessem sua humanidade, uma vez tenham cometido algum delito. Ora, só o homem entre todos os animais é capaz de cometer tais atrocidades de forma cruel, este uso desastroso que se faz da mídia com apelação moral é um dos maiores agravos que temos que suportar.
Não bastasse na maioria das vezes, apresentadores se candidatarem a cargos públicos, aproveitando-se da confusão na mente da população entre usar a mídia e lutar pelos direitos humanos, que eles mesmos ridicularizam. Falam de direitos humanos como uma entidade acima de tudo e de todos que defende apenas os ditos ‘vagabundos’, que não enxerga o sofrimento das vitimas da criminalidade. Não levam em consideração a verdadeira causa da criminalidade que é sempre apontada como falta de policia, relegando a verdadeira causa para segundo plano. 

2 comentários:

  1. Parabéns, Chico. Abraço Tigelírico.

    Uma coisa mui' me assusta
    E me faz interrogar:
    Para quem devo apelar
    Quando a Justiça é injusta?

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  2. A massa confunde justiça com vingança, os aproveitadores fazem dessa confusão Marketing, é ibope e voto!

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