21 de abril de 2010

As provas da existência de Deus



É possível provar que Deus existe? Existem provas reais da existência de Deus? Podemos encontrar uma prova cientifica de sua existência? A questão da existência de Deus é uma questão decisiva, pois a certeza de sua existência poderia resolver uma serie de problemas até então sem respostas claras.
Existem na história da filosofia e da teologia varias tentativas de provar a existência de Deus, ora apelando para os argumentos fundados na revelação, na fé, ora fundados puramente na razão, na filosofia. Apresentaremos aqui os argumentos fundados na razão, que são essencialmente sete: o primeiro é o famoso argumento ontológico de Santo Anselmo (séc. XI), que busca provar o ‘ser’ de Deus a partir do seu ‘conceito’, ao qual se seguem os cinco argumentos segundo a sistematização de São Tomás de Aquino (séc. XIII), que os denominava ‘as cinco vias’ do conhecimento de Deus, inspiradas no pensamento de Aristóteles, são eles: a prova do movimento, a da causa eficiente, a da contingência, a dos graus de perfeição e a ordem universal. Por fim, o sétimo argumento é o famoso argumento moral da existência de Deus, desenvolvido pelo filósofo alemão Immanuel Kant (sec.XVIII), este argumento não é tanto uma prova, mas uma exigência racional de sua existência a partir da universalidade e validade da lei moral.
A primeira prova, ou o argumento ontológico, foi inicialmente apresentada por Santo Anselmo de Canterbury (sec.XI), no seu escrito Proslógio, nele afirmava que “Deus é um ser do qual não se pode pensar nada maior”, ou seja, posso ter certeza da existência de Deus na medida em que ele é o ser do qual não se pode pensar nada maior, pois se existir um ser do qual eu possa pensar que seja maior que Deus, então Deus não existe, mas se não encontro nem na realidade nem no pensamento um ser que seja maior que Deus, posso ter a certeza de que Deus existe e não há nada maior que Ele, esse argumento é denominado ontológico porque parte do ‘ser’ (em grego, to on) de Deus.  Este argumento ontológico foi compartilhado pelo filósofo francês Descartes (sec.XVII) em suas Meditações de Filosofia Primeira.
As cinco vias de São Tomás de Aquino (sec.XIII) são baseadas no pensamento de Aristóteles e podem ser resumidas da seguinte forma: a primeira é a prova a partir do movimento, ela supõe que todos os corpos que se movem, movem a si mesmos ou são movidos por outros, desta forma não pode haver uma causa do movimento que siga ao infinito, por essa razão há um ser que move sem ser movido, o chamado motor imóvel, este motor é Deus. A segunda prova é prova segundo a causa eficiente, nela observamos que tudo tem uma causa, não podemos retroceder de causa em causa sem chegar a um fim, é necessário, pois que haja uma causa eficiente de todas as coisas que não seja causada, esta causa é Deus. A terceira é a prova segundo a contingência, ela esclarece que as coisas existentes não são necessárias, podendo existir ou não, são contingentes, ora para que as coisas contingentes existam é necessário pelo menos um ser no qual a existência seja necessária, pois se tudo for contingente como pode existir? Logo, há um ser necessário que possibilita a existência de seres contingentes, esse ser é Deus. A quarta prova é chamada de prova segundo os graus de perfeição, ao observarmos natureza percebemos graus de perfeição, há seres mais perfeitos e menos perfeitos, ora para que possamos deduzir uma maior ou menor perfeição é necessário conceber um ser sumamente perfeito, a partir do qual podemos comparar em que grau os seres são perfeitos ou não. Este ser sumamente perfeito é Deus. A quinta e ultima é a prova baseada na ordem, ou seja, na natureza é evidente uma ordenação, cada coisa ocupa um lugar determinado nesta ordem, a qual deve ter em si mesma um ordenador, este ordenador é Deus.
A prova moral ou argumento moral desenvolvido pelo filosofo Immanuel Kant (sec.XVIII) caracteriza por ser antes de tudo, o resultado de um abandono das provas teóricas de Deus da metafísica clássica: a prova ontológica, a cosmológica e a físico-teleológica. Para o filósofo alemão, não podemos conhecer Deus teoricamente, pois nessa dimensão Deus é para nós apenas uma idéia, uma vez que não se pode conhecer sem os dados da experiência sensível e Deus não se dá nessa experiência. Resta então apenas postular a existência de Deus, como uma exigência da razão em seu uso prático para garantir a obrigatoriedade e a realização da lei moral em nós, a qual é independente de determinações e condições sensíveis.
Desta forma podemos comprovar que há varias provas da existência de Deus, as quais foram desenvolvidas por uns e contestadas por outros. Neste sentido, há razões suficientes para crer, muito embora também existam razões para não crer, cabe a cada um de nós sermos capazes de enfrentar racionalmente as questões que decorrem da tentativa de conhecer e demonstrar a existência de Deus por meio da razão.

7 comentários:

  1. Segue uma boa antinomia, existência e não existência racionalmente cabíveis. E que fazer no meio de um caminho que se bifurca em sim e não? Bifurcar-se, talvez, no aceite de sua dupla possibilidade. Ótimo percurso da questão de Deus, Fran Zé.

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  2. Leia-me e ''nos'' em:

    www.deusilusao.wordpress.com

    Abraços!!

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  3. Posso deixar-te outra dica ?
    Navegue pelo Macaco.

    http://macacoalfa.blogspot.com/

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  4. Excelente texto Francisco.
    Sóbrio e perspicas como poucos encontrado na net.
    Meus sinceros parabéns.

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  5. Uma opinião (doxa).A prova (ou postulado) em Kant, parece-me insuficiente, uma vez que a lei moral é dependente histórica e culturalmente, como produto do meio, exigência esta para o viver ético. Um postulado que pode variar, dependendo da historicidade e da interiorização moral, pode não funcionar objetivamente...

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  6. deus existe pois,se deus não existe quem vai explicar a nossa existência.

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