“Os números governam o mundo”. Esta frase
sintetiza de modo admirável uma forma de saber que tem sido tão esquecida no
mundo atual. No mundo antigo o filosofo grego Pitágoras (séc.VI a.C.) criou uma
escola em que os números eram vistos como a ‘arkhe’ (o principio) da realidade, ‘tudo é numero’ diziam os pitagóricos.
O
cantor-compositor Raul Seixas escreveu a musica ‘os números’ para mostrar como
os números estão presentes no nosso dia a dia, mas não são os números da
economia ou da matemática financeira, o que ele queria revelar era uma forma de
matemática mais importante, a matemática simbólica, não de quantidades, mas do
aspecto qualitativo dos números. Essa forma de matemática simbólica muitas
vezes é vulgarizada com o nome de numerologia. ‘Os números’ talvez seja uma das
musicas mais simples e enigmática do Raulzito, pois na sua simplicidade
aparente ela nos leva a uma reflexão filosófica do aspecto numérico da
realidade.
A
musica é um baião no bom estilo nordestino, ritmo contagiante que não deixa
ninguém parado, numa cadencia irresistível. Nela Raulzito segue uma sequencia
de números que parece aleatória, mesmo partindo do numero 1 (um), segue o 2
(dois), o 4 (quatro), o 7 (sete) e o 12 (doze). Nestes números simbólicos se
descobre um mundo de relações que não são apenas de quantidade, mas de
qualidade. Os antigos hebreus tinham um respeito profundo pelos números e os
consideravam os arquétipos (modelos) da realidade, para isso criaram um método
de interpretação dos números, a guematria, que faz parte da kaballah (tradição
oral), nela cada numero tem seu significado, o qual pode ser comparado as
idéias pitagoricas.
Na
musica podemos fazer algumas relações, por exemplo, o numero 1 é a unidade, o
principio de todas as coisas, a origem de tudo, Deus, o 2 é a separação, a
divisão, o mal(?), e tudo que faz a diferença e que se opõe, o 4 é o
equilíbrio, o ponto fixo, o que abrange todos os elementos, os pontos cardeais,
o sete é a plenitude, o descanso, a realização e o ápice, e finalmente o 12,
que tem significado especial para os hebreus, as doze tribos de Israel, os doze
apóstolos, as doze estrelas do apocalipse e representa a multiplicação do 3
pelo 4. Enfim, nestes cinco números se revela o segredo universal, religioso e
profundamente místico em que Raul Seixas quis mostrar de uma forma simples o
que há por trás das aparências e das coincidências, ele que com doze anos já
desconfiava da verdade absoluta.
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