Uma
falsa polêmica foi criada recentemente por conta da novela global “Salve Jorge”, o personagem cujo nome dá
o titulo a novela, Jorge da Capadócia (sec.IV) tem sido confundido por grupos
pseudo-evangélicos com o orixá Ogum do Candomblé. Pretendemos esclarecer o mal
entendido, sem descaracterizar a imagem do soldado cristão da Capadócia, nem
estigmatizar o Orixá africano que foi sincretizado no período da escravidão no
Brasil.
Jorge
da Capadócia (Turquia, sec.IV) foi soldado romano do exercito de Diocleciano,
assim como São Sebastião de Narbona, ambos foram descobertos como cristãos e
perseguidos e torturados pelo imperador romano que não tolerava o Cristianismo.
Em 303, Diocleciano havia publicado um decreto que obrigava a todo soldado
oferecer sacrifício aos deuses romanos, Jorge foi até o imperador defender sua
causa enquanto cristão, o imperador tentou convencê-lo de todas as formas,
oferecendo presentes e, depois o torturando, até mandar degolá-lo em 23 de
abril de 303. Há varias cidades no mundo que o proclamam padroeiro e tem
igrejas a ele dedicadas na Inglaterra, Portugal, Lituânia e até no Rio de
Janeiro. A lenda que liga São Jorge a defesa de uma donzela contra um dragão é
derivada de baladas medievais de origem inglesa, sem nenhum fundo de verdade,
havia duas versões que supunha a lenda de um dragão que aterrorizava certa
região e demandava o sacrifício de uma virgem para satisfazer suas vontades. Da
mesma forma não tem fundamento a ideia de sua imagem refletida na lua, que não
passa de uma crendice brasileira.
A
Religião Africana, por sua vez, é bastante diferente do Cristianismo. Há varias
nações africanas com costumes distintos, além de mitos e crenças diferentes
entre si. Os povos africanos não têm livros sagrados, nem sacerdotes
especializados ou templos. Sua religiosidade está centrada nos mitos, ritos e
sacrifícios de animais. Nesse sentido, não há dogmatismo ou ortodoxia. O
Candomblé brasileiro é uma crença trazida pelos Iorubás, os quais, além de um
ser supremo, Olorum, acreditavam em seres intermediários, os Orixás, entre os
quais fizemos referencia a Ogum. Ogum é o orixá ferreiro, que forjava suas
armas para caça, agricultura e a guerra, ele é considerado um dos primeiros
orixás a descer dos céus a terra. É filho de Oduduwa e Yembo, irmão de Xangô e
Oxossi, dono dos caminhos e encruzilhadas como seu irmão Exu. Os negros
escravizados no Brasil não eram necessariamente devotos de São Jorge, pois
camuflavam sua verdadeira crença usando a figura do santo católico. Como
podemos ver, não há nenhuma relação entre a figura de São Jorge com o orixá
Ogum, o sincretismo é puramente acidental, uma vez que foi uma forma dos africanos
escravizados no Brasil salvaguardar suas crenças e sua religião, identificando
o orixá dos metais com o santo.
Os
grupos pseudo-evangélicos, que citamos anteriormente, na verdade são grupos
fundamentalistas carentes de qualquer formação religiosa, pois usam textos da
Bíblia indiscriminadamente e fora de contexto e costumam atacar qualquer forma
de religião que não compartilhe de suas falsas conclusões. Geralmente são
dirigidas por ‘gurus carismáticos’ que aparentam conhecer as ‘artimanhas
diabólicas’ e em tudo aventam teorias conspiratórias para justificar sua
paranoia e alimentar seus bolsos.
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