A
Copa de 2014 será um evento que consagrará definitivamente na história do
Brasil a função ideológica e política do futebol. O futebol desde suas origens
tem se apresentado como esporte marginal, já na Idade Média, na Inglaterra era
muito mal visto. Em nosso país não foi diferente, no século XIX o futuro
‘esporte das massas’ começou como uma brincadeira sem nobreza exercida por
pessoas das classes economicamente inferiores. Na década de 70, o esporte
subalterno mexeu até mesmo com os rigores da ditadura, e com a copa do México
em 1970 consagra-se como propaganda de um país que vivia suposto ‘milagre’
econômico, apesar da repressão e dos homicídios.
Pouco
mais de 30 anos depois vemos o futebol bater todos os recordes, tornou-se
massificado, assimilado pela lógica do capital é uma força ideológica que rende
fortunas. A FIFA tem mais países afiliados que a própria ONU, os jogos entre
países historicamente rivais encerram em si uma simbólica guerreira que desvia
para os gramados todos os grandes problemas da nação. No Brasil a coisa não é
diferente, nosso país se orgulha de nunca ter ficado de fora de uma copa do
mundo, de ser hexa campeão, de ter o futebol arte, de exportar craques para
todo o planeta, muito embora não tenhamos resolvido as questões mais básicas de
um país em desenvolvimento, o qual espera de uma copa do mundo a solução de
nossos problemas sociais. Ironicamente não somos mais os ‘donos da bola’, ela
agora corre em outro rumo, são nos gramados da Europa onde nossos meninos
prodígios desfilam como modelos e manequins.
Quando
estão aliados a politicagem, a corrupção e o futebol tudo se torna ainda mais
desastroso. O futebol ‘arte’ perdeu seu pudor e virou meio de enriquecimento de
muitos cartolas que controlam os horários dos jogos, as transmissões, entre
outras coisas. Os politiqueiros de plantão descobriram que o filão do futebol é
uma forma muito cômoda de assegurar um rendimento extra, do tipo caixa dois, já
não bastasse as inúmeras modalidade de falcatruas que conhecemos.
A
Copa de 2014 será mais do que a Copa do Brasil, será a Copa do jeitinho
brasileiro, com direito a dribles na fiscalização, gols de placa de impunidade,
principalmente em um país onde se investe mais em um único esporte, sem
justificativa clara, deixando de lado uma imensa maioria de outras modalidades
tão importantes, e mais ainda onde se abandona ao descaso a própria educação.
Parece que estamos vivendo o fim do futebol de verdade. Façamos também uma Copa
para a Educação antes que seja tarde demais!
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