17 de março de 2010

José, o homem justo


Cearenses de todo o estado comemoram em 19 de março o dia de São José, o pai de Jesus, na esperança de chuva e boa colheita. A figura de São José muitas vezes passa despercebida por nós e sabemos muito pouco sobre sua vida. Quem foi São José? Por que a Bíblia fala tão pouco dele? Qual o seu papel no plano da salvação? Por que a Igreja o venera?
José, em hebraico Yosseph significa ‘Jahweh acrescenta’, é conhecido a partir dos evangelhos segundo Mateus e Lucas, homônimo de um dos filhos de Jacó-Israel (Gn 37-50), o mais famoso deles, aquele que decifrava sonhos (é interessante que o pai de Jesus é sempre avisado dos acontecimentos em sonhos) e que foi vendido pelos irmãos como escravo, mas que no final tornou-se chefe no Egito. José é filho de Jacó e descendente de Davi, nascido em Belém da Judéia, ele é apresentado nos evangelhos com duas características marcantes: como homem justo (Mt 1,19) e operário. José era um homem justo, a justiça para o povo de Israel significava a obediência à lei de Deus.
José foi um operário (em grego tekton), segundo alguns um carpinteiro, que viveu uma vida normal de qualquer judeu do século I, desposou uma jovem chamada Maria e tornou-se pai adotivo do maior homem de todos os tempos, Jesus de Nazaré, o filho de Deus (Mt 1,18), assim como Deus nos adotou como filhos (Ef 1,5). Tendo encontrado-a grávida, José poderia tê-la repudiado, tendo mesmo pensado em fazê-lo secretamente, com receio de colocá-la em perigo (Mt 1,19), mas avisado pelo anjo do nascimento miraculoso, aceitou o encargo e permaneceu com ela (Mt 1, 20-21). Segundo a tradição ortodoxa e alguns evangelhos apócrifos (Historia de José, o carpinteiro), José teria sido viúvo antes de desposar Maria, tendo alguns filhos, os chamados irmãos de Jesus, sendo homem de idade avançada, por essa razão não temos noticias de José após os acontecimentos do nascimento de Jesus. É interessante que pelos apócrifos sabemos que entre os pretendentes de Maria, colocados diante do templo para prova divina, apenas o cajado de José floresceu indicando quem deveria desposá-la, daí a imagem da chamada flor de São José nos quadros antigos.
O pai de Jesus fica muitas vezes a margem da figura de Maria e dos outros personagens presentes durante a vida de Jesus. Sua ultima referencia no Novo Testamento é o episodio em que Jesus fica no templo e seus pais não percebem, dando-se conta de que ele não estava na caravana retornam e o encontram no templo com os doutores, Maria diz a Jesus: “Filho por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos a tua procura” (Lc 2,48).  Esta é a ultima referencia a pessoa de José. Ele parece ser uma figura modesta e simples, do qual não se tem muito que falar, mas esse silêncio do evangelho revela muito mais do que imaginamos. O papa João Paulo II escreveu no ano de 1989, uma exortação apostólica, Redemptoris Custus (o protetor do redentor), tratando da importância de José no plano da salvação, destacando suas virtudes como homem justo, como marido, como pai e como trabalhador.
Esta é a figura de José, um homem simples, justo e trabalhador, modelo de marido e de pai, como muito dos sertanejos cearenses que esperam pela sua intercessão para que possamos ter um bom inverno, mas antes de tudo muita fartura de amor e graça nas nossas famílias.

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